segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O quê (re)escrevemos ali eu não sei o que foi.


Encontramos-nos de novo à beira mar. Exatamente como antes. Mas hoje seus olhares estavam chorosos e contou-me de ti de forma que nunca havia antes sabido. Eu, pelo contrário, falei bem menos. Minha vida anda tão desinteressante há tanto tempo. E talvez justamente por isso conseguisse te escutar tão bem.
Mas eu, ainda assim, não sei o que foi que aconteceu. Estávamos deitadas na areia e aos poucos os pedaços do nosso corpo foram se encostando timidamente. Sem querer? Sim, talvez fosse o vento frio que fazia com que meu corpo pedisse por um pouquinho mais de calor.
Você percebeu que não queria falar sobre minhas feridas de vida. Abraçou-me terna e mostrou-me que me amava ainda como tanto amou anos atrás. Ou talvez só fosse a forma que encontrou para agradecer meus ouvidos tão generosamente emprestados a ti. E talvez eu só quisesse te agradecer de volta, por ter respeitado meus silêncios.
Mas sei que ao menos um pequeno verso de amor escrevemos ali. Só não sei o que foi. Com certeza meus sentimentos misturados aos seus devem ter formado algo novo que talvez seja incompreensível pra qualquer uma de nós.