quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Carta Dele para Ela.

Todos os caminhos se fecharam. Estou sem conseguir ir atrás de ti. Vou jogar esta carta ao vento e esperar fortemente que a receba. Ainda acredito que não demorará muito pra encontrar uma saída. Ocupo meu dia à procura, desde a primeira hora da manhã. Com intervalos para a comida e para o sono. Querida, aqui estão todos sendo tão bons comigo.
Apesar da aparência cinzenta e da falta de bonitos jardins como os quais estávamos acostumados, encontrei aqui certa poesia. Resolvi cantar tons monocromáticos misturados com a simpatia de todos que se puseram firmes conosco. Entristeço-me por não ter te explicado tudo bem melhor antes. Se eu tivesse previsto que teria de partir, teria me esforçado mais a colocar-te ao meu lado.
Lamentos a parte... Não temos tempo para isso. Estou a escrever esta carta para lhe depositar um pouco mais de esperança, pra declarar-te o meu amor. Meu único medo hoje é que acredite que te esqueci ou que desisti de buscar-te. Não. Quero-te como nunca. E estou verdadeiramente obstinado a te encontrar onde seja. Só não me desespero porque sei que isso apenas me roubará concentração. E isso eu não quero. Espero que esteja firme também. Mas espero que também ainda pense em mim...
Meu bem, não há um só dia que eu não sonhe com o cheiro do teu corpo. Não há um só dia que teu olhar me deixe só. Lembro de você cantando-me baixinho as canções do amor. Aquelas quietas, silenciosas. Porém as que mais me faziam dançar. Teu canto calmo fazia cada parte de mim dançar teus compassos. E sentia dançarmos juntos. Tu o pássaro raro, e eu o bobo que me encantava a imitar tuas folias.
(Deixe-me lhe contar um segredo... Eu acredito ainda dançar junto de ti. Acredito mesmo. Creio que estamos juntos ainda, em algum plano que se encontre neste vasto espaço. Acredito com a certeza dos apaixonados, que temos um ao outro apesar de toda a distância terrena, e de todos os buracos no tempo. Finjo que nosso portal é a lua, e é a ela que canto para ti todas as noites, esperando que escute. Canto aquela música que gostas, da liberdade das fadas e dos risos dos solitários.)

Um grande beijo, amor meu. Não desistirei até encontrar-te e somar-te a mim mais uma vez, de corpo e alma. Espero que o vento consiga levar esta carta a ti, apesar das barreiras. E se receber, sorria. Sorria para a lua, que eu conseguirei enxergar teu reflexo.

2 comentários:

Leonardo Afonso disse...

Boa duologia sobre a incomunicabilidade, a perda e a distância. Temas bem caros à vida na capital federal, inclusive.

Van* disse...

Legal, vou acompanhar seu blog a partir de agora. Acho que tu lembra de mim, né? Do skoob, twitter e msn. XD haha.