segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Abracadabra (Luiz Päetow)

Ele falou para si. E você, se existe, ouviu. Mas não. Não. Não existes. Ele falou para si. Ele juntou as palavras, pausadamente. Ele disse, e só ele escutou. Lá estava ele. Parado. Quieto. Só ele ouviu. Dizia para ele, apenas. Disse-se. Se desse, gritaria. No silêncio. Gritaria pausadamente. Não. Não. Berro. Berraria. Ria. Com o olho. Olharia. Com olhar, riria. Quer dizer, berraria. Então, em tão quieto sussurro. Subiu. Sim, subiu. Subiu a voz. Um brado. Retumbante. Que ressoa. Eco. E todas suas derivações. Lógica. Com sobriedade. Sim, ele sussurrou o que dizia e queria gritar, mas berrou, como em um brado ressonante. Disse. Escapuliu de sua boca. Ôca. E seus olhos acompanharam a voz que não saía. Avós permaneciam. Ele, parado. Para o lado. Sem direção. Endireitou-se. À esquerda. Não se moveu. Comoveu. Como viram alguns somente. Só mente. De mentira. Uma mente que tira. A verdade. Passa a ver idade. Sem pressa. Compressa. Para o corpo meio morto. Ou torto. Que se esquiva. Esquina. Na quina do que não conhecia. Reconhecia. Uma voz. Atroz. Suportável. Dentro. Então, insuportável. Insustentável. Peso. Jogado para fora. Fora sim. Assim se foi. À voz: "Solidão é o aumentativo de sólido"

2 comentários:

Renato disse...

"Solidão é o aumentativo de sólido".Você é o aumento de emoção.

Johanna disse...

MULHER! Cadê o texto "Muito Provavelmente, Só"?!
Ele tava aberto aqui o tempo inteiro pra mim e agora ele desaparece?! Que absurdo é esse?! >(

Coloca de volta ou manda pra mim, pls? ):