quarta-feira, 26 de março de 2014

Muito bom te conhecer.

Prazeres, já causei em muitas pessoas. É um tal de "muito prazer" pra cá e "prazer em conhecê-la" para lá. Casuais, automáticos, e muitas vezes sem vontade. Desconsidero. O que o automatismo dos bons modos diz, para mim deve mesmo ser ignorado. Boa conduta é uma coisa maravilhosa para automatizar nossas falas e nossas reações. Respondo sempre repetindo, prazer. Isso dá um certo prazer mesmo, por não ter que elaborar a minha real vontade por dentro. Mais fácil; e as coisas fáceis e simples muito me atraem. Não gosto de me desgastar com elaborações sociais.
Estávamos no bar ontem, depois de um dia de trabalho. E eis que ali se senta uma porção de conhecidos desconhecidos amigos de colegas meus. E eu conheço você, me apresentam seu nome, um abraço aqui, outro ali nas outras pessoas presentes. E passamos a noite com cervejas e cigarros, conversando sobre política, religião e futebol - as coisas proibidas. Mas, tranquilamente, trocamos diversas ideias, todos ali, e sinto aquele real prazer das pessoas reunidas neste encontro. Provavelmente não encontrarei muitas delas tão cedo. Mas gosto de conhecer, de pensar junto, de esquecer problemas ou aflições.
Escrevo de maneira simples, pois apesar da elaboração do seu dizer, tento entender a simplicidade da minha própria estranheza. Quando nos despedimos, falou "foi muito bom te conhecer". Foi diferente. Não soa diferente? Não é prazer (ainda que os adore), é outra coisa. Talvez seja mesmo o prazer, aquele que vai além da palavra. Você disse e olhei para os seus olhos. Olho no olho, e respondi sem nada falar. Já não era mais automático, eu talvez nem tivesse reparado direito em você, especificamente. Mas ao dizer aquilo, teus olhos disseram mais. Minha curiosidade surgiu tamanha! E a vontade de te conhecer, de verdade, era agora uma ideia muito desejosa. O que dá gostar das pessoas assim, no menor sinal de bem-querer?

Não sei. Mas seria muito bom te conhecer.

Um comentário:

Leo caldas disse...

Foi muito bom ler seu artigo Marina. Reflexões bem pertinentes. Abs.