sábado, 22 de março de 2014

Corpo.

Você espera das minhas palavras o que já sai em todos meus olhares. Tento economizar. Tento economizar palavras, meu bem. Esse casamento está excessivo, está demais para mim, entende? Daí, tento economizar palavras. Pois cansei-me delas. Elas não servem para nós. E não adianta o que eu diga, sempre estarás certa. Então, nem digo.

Expresso.

Com meu corpo, torto, olho. Olho nos teus olhos e falo. Sem dizer. Mas conto. Você vê? A comunicação se dá pelo sentido. Ainda que nada nesse mundo o tenha. Ele está beirando a gente. Está sempre tão perto, que parece inacreditável. Está tão próximo, que deixamos de acredita-lo. O sentido está no próprio sentido do corpo. Ele não sente a si, mas faz sentir todo o resto. Há tudo. Tudo no mundo existe. Tudo na existência é fascinante. E o corpo? - Esse material que afastamos de nós como parte não-parte?

Não sou minha mente. Nem mesmo sou coração. Antes de qualquer coisa, eu sou corpo. Somos corpos. Falíveis. Temos mente. Temos coração. Mas somos o corpo. E o que existe para além dele, está dentro. Passeia por veias e artérias. Não sai, entende? Não adianta. Existem outras coisas mil. Mas não sou eu, não é tu. O que existe por fora, é tudo. Eu? Só corpo. Só sentido. Cheeeeeia de sentido que machuca! Enche! E nem posso vê-lo.

Às vezes, me canso de sentir.

Cansada, não sinto. Finjo. Pois sei que o sentimento pode abalar a alma (no corpo) tanto, a me fazer inexistir, a me fazer chorar. E aí fazer sentir a doce solidão, a completa melancolia de Ser; Neste mundo onde eu sou só eu, e jamais serei nada além de mim.

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