domingo, 4 de julho de 2010

Inerte.

Aos poucos, todo o sentido que eu havia decidido manter em minhas mãos se fora. Na certeza, adentrou uma fumaça de medo. Já a vontade, foi tomada pelo receio. E eu fui em frente. Talvez por preguiça. Preguiça, sim, de me procurar. Não sei como funciona o auto-controle. Sei que o perdi. Aceito toda partida, toda aposta, sem nunca vencer. É o prazer de estar ali contigo, talvez.
Mas ontem na madrugada estive pensando. Pensei bastante, posso dizer. Debrucei-me sobre a janela da sala com uma taça de vinho chileno nas mãos. Vinho tinto seco que rasgava minha garganta com toda sua classe, enquanto eu me deliciava. Pensei tanto, que vi-me incapaz de chegar a qualquer conclusão. Vi-me incapaz de enxergar qual era meu problema. Na verdade, entrei num novo conflito e passei a acreditar que não havia problema algum, que eu é que estava errado.
Talvez (e só talvez) eu queira me acertar. Talvez seja só escolher. Talvez eu precise de um tempo só. Ou então, parar de beber. Preciso ficar longe desses teus jogos. Voltarei para a casa dos meus pais, para os abraços da minha mãe.
Mas quando acordei, deparei-me com o sol na janela. Meu corpo dolorido pela ressaca. Minha garganta com o gosto dos vários cigarros do dia anterior. Meu bem entrou no quarto. Sentou-se do meu lado, beijou-me e me entregou um sanduíche. Você me ligou, um pouco depois. Queria me ver. Queria também, juro. Queria abraçar-te e dançar contigo como fizemos aquela noite. Mas a inércia do dia tomou conta de mim. Amanhã te telefono, e entro pra dentro dos seus jogos outra vez, prometo.
E a epifania da madrugada acabou tornando-se costumeira para mim, nas próximas semanas. E o sol também. E você, e meu bem.

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