terça-feira, 1 de junho de 2010

Um jardim para uma amizade.

Seu amigo sempre fazia assim: Segurava sua mão e apertava com força. Uma força sólida, cheia de energia. Ela se sentia sempre bem com a aspereza da mão dele, e com a força. Ele a puxava para longe e contava a ela sobre a chuva. Aquela chuva fininha que caía àquela tarde. Cada pingo de chuva, nesses momentos, ganhava novo significado. Eram como os flocos de neve dos desenhos. Ela conseguia ver a olho nu todos os detalhes daquela mínima partícula d'água.
Ele olhava pra ela e via no reflexo dos seus olhos um jardim imenso onde sabia estar construindo uma grande amizade. E então continuavam conversando. Conversavam sobre decepções que ambos tinham. E conversavam sobre o que infelizmente acabavam esperando das outras pessoas. Conversavam principalmente sobre coisas um do outro. Porém nunca sobre algo dos dois; até porque não tinham nada a dizer. Eram almas distantes que se juntavam ao se encontrar. Entediam-se. Conseguiam, ambos, ver e entender o que diziam. Estavam lúcidos. Estavam incrivelmente lúcidos. Enxergavam a realidade claramente, com a ajuda um do outro. Estavam tão cheios de lucidez, que encontravam metáforas para disfarçá-la. Para deixar as coisas mais bonitas.
Aquele aperto de mão e toda a compreensão que existia entre os dois deixava-a calma e mais tranquila. E aí só desejava que a chuva não aumentasse, porque tempestades costumam destruir jardins. Mas aquela chuvinha era mais uma garoa passageira, que por enquanto só ajudava a regar as flores.

Que bom - dizia ela baixinho com o olhar.

2 comentários:

Fernanda Suyanne disse...

que lindo! de vez enquando eu passo aqui(de verdade)só não comento, adoro o que você escreve! beijos

Renata Marim Hahon disse...

que texto maravilhoso :)