domingo, 6 de junho de 2010

Lua e Sol.

Com os olhos marejados de lágrimas, Alice resolveu falar sobre os pensamentos que passeavam dentro de si.
-É que... Pedro, ouço tanto falar sobre o brilho da lua. A luz do luar que vem sempre em meio ao breu. Perguntei a mim mesma se prefiro a lua ao sol... E respondi imediatamente que sim. A luz da lua traz mistério... Mas por mais que seja a única luz que nos ilumina durante a noite, o que não percebemos é que a luz da lua é a mesma luz do sol... Só que disfarçada. Acredito que a lua está para a paixão, assim como o sol está para a felicidade. O amor surge quando, depois de um tempo com o brilho da lua a noite, tentamos virar nosso pescoço e avistar o sol. Pode perder o misticismo, e tudo fica mais direto e claro. O medo que as pessoas sentem é de que a verdade não seja tão agradável. Porque o sol também pode queimar a epiderme e enlouquecer as pessoas, se elas não tiverem qualquer tipo de proteção. Mas também, não é confiável continuar com a cabeça virada a lua... Suas mudanças de fases, apesar de previsíveis, são súbitas.
-Acho que há mais calor na paixão do que no amor, Alice...
-Ah, as pessoas só dizem isso porque as paixões costumam aparecer no frio da noite. E é uma luz desconhecida e única a iluminar a escuridão durante aquele momento. Isso instiga tanto, que as pessoas se confundem. Mas como eu disse, a lua tem fases. E tem fases de todos os lados. Por mais forte que seja, ela some. Pode até voltar. Mas agora, sumiu de mim. Nem vejo mais graça no seu brilho. Para falar bem a verdade... morro de inveja de quem já conseguiu descobrir a luz do sol.

-Você se contradisse, eu acho... Afinal, quer a lua ou o sol?
-Ah, Pedro... Quero os dois, assim... divididos durante as 24 horas da minha vida.

(A lua nunca emitiu luz alguma. A paixão então é só ilusão. E o desejo é, na verdade, uma vontade forte de ver o sol nascer - mesmo que mais tarde anoiteça)

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