segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vazios.

Chegou. Aquele momento terrível. Repetido e conhecido. Na cama, avassalador. Aos poucos, meus olhos ficavam marejados de lágrimas. E não sabia de nada. Não sabia por que chorar. Mas principalmente, não existia motivo algum para sorrir. E eu precisava sentir. Qualquer coisa, qualquer uma. E segurava minha mão em meu corpo. E aos poucos ia soltando gemidos de dor de desgosto. De tudo, com tudo, para todos. E queria largar sua mão. E todas as outras mãos que tentam encontrar a minha, no escuro. Terrível. Não via nada. E me perguntava se algum dia já havia acendido a luz.
Aqui não existem janelas. A luz do sol não bate em mim. Mas o pior é que não há brisa, não há por onde bem respirar. E meus cigarros não ajudam. Por isso gostava tanto de sua boca ao lado do meu pescoço, e seu ar novo que trazia pra cá. Mas isso é desimportante. Não sofro de amor. Sofro de vazios. E tantos. E muitos. Continuo chorando e, prestes a adormecer, lembro dos meus sonhos na noite passada. E quero ali mergulhar. Mas quero me perder por lá, também. Essa cidade não me abraça mais. Não quero fazer parte daqui. Agora não. Brasília tem essa coisa ruim de inspirar solidão. Amanhã, amanhã sempre se tem muito a fazer. Muito a entender, aprender, sei lá. Mas amanhã não quero acordar. Quero lembrar de você, da nossa viagem. Nós, na Lagoa. No natal, lembra? Espero que sim... Porque foram as melhores férias que tive. E provavelmente, nesse meu mundo dos sonhos, vou encontrar seus amigos, e sua família, e vou encontrar quem te perturba. E vou mergulhar-me na sua vida.
Não sei bem se é isso que quero, apesar de tudo. Talvez, quem sabe, seja melhor manter-me alerta. Acordada. E ficar aqui sem te ver, sem você por perto. Nem sei se existe. Mas amanhã, ah! Amanhã tenho muitas coisas a fazer. E eu sei bem como tudo acontece. Sei bem que acordarei sem querer. E fecharei os olhos, e vou te dar novo abraço. E sairei de lá com o despertador tocando pela décima e última vez. E aí fecharia os olhos de novo, e dessa vez pediria que você me abraçasse. E enquanto estou lá, esperando, vem você de verdade, me cutucando na cama. Mandando-me levantar. E eu obedeço. E você vai embora. E eu ando inconsolável... Porque nem em sonho me abraçou? E decidi aí que não vou mais dormir. Pra não ter que encarar você.
E eu achava que tinha tudo acabado, que eu já estava certa. Mas aí você chega de novo do lado da cama. Me olha com olhos sutis. E diz pra mim "Vou embora". E aí tudo gira de novo. E aí eu choro outra vez. Inconsolável, inconsolável. Foi só aí que lembrei de você. E talvez eu é que estivesse abraçando a pessoa errada. Uma espécie de você que só vive dentro de mim. E entendi que eu mesma cavava meus próprios buracos. E realidade vazia mais sono vazio, não sabia pra onde ir. E aí lembrei da Lagoa. Vou para lá. Vou caminhar pra perto do mar. E é lá que eu vou mergulhar.

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