Foi num sonho, então, que me encontrei com duas criaturinhas. Anjos que fugiram do céu, porque não aguentavam tanta tranquilidade paradisíaca. Perceberam que eu era meio como eles. Pequenina, num cenário acolhedor. Mas inquieta! Com vontade de saltar do alto. Me seguraram pela mão e me levaram pela janela. O vento frio batia por todo meu corpo. Eu voava de olhos fechados, com o corpo inerte, carregada.
Um pequeno besouro posou sobre meu rosto e puxou meus cílios para cima. Deparei-me com o sol forte batendo sobre minhas pálpebras. Virei o rosto. O dia lá embaixo estava cheio de pessoas caminhando e correndo. Algumas com mais pressa, outras apenas passeando. Não me preocupava com o motivo de qualquer uma delas agir daquele modo. Na verdade, só pensava em como é que de repente eu simplesmente deixei de fazer parte dali.
Um dos anjinhos grita pra mim "Chegou! Era aqui que você queria chegar, não é?" Eu estranhei... E o outro pôs-se a falar seguidamente "Nós escolhemos, então. É daqui, menina, é daqui que a senhorita vai saltar" E aquelas mãozinhas miúdas e juvenis me soltaram. A queda (ou o salto) teve a intensidade esquisita daquilo que é desconhecido. Uma voz vinda de não sei onde sussurrou dentro de mim "Concentre-se". Fechei os olhos. Entrei em mim mesma. Esqueci da queda e concentrei-me no salto. Assim nada de mal parecia capaz de me atingir. Mas foi quando entrei em mim, que percorri minha mente, que percebi que nenhuma resposta me era dada. Minha mente estava vazia e gritei dentro dela "É isso? É só isso que eu vim ver? O que é que você deveria realmente me mostrar?!" E a voz calma apenas disse "A resposta tá aí dentro de você, é isso que você está vendo. E uma ordem: Preencha-se".
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