Você ali, no palco. Você, de novo. Você, com uma voz ardente, com os lábios quietos. Você, ora ruiva, ora morena. Você, às vezes com seus cabelos longos. Mudava a cor dos olhos. Trocava constantemente de nome. De gostos, de sabores, de jeitos. Mas continua sendo você que, com o poder do toque, ao encostar em meu ombro e virar a beirada do seu rosto em minha direção, me encantou. Que ao cantar uma canção francesa para centenas, sem perceber minha presença, derrubou-se em mim. Um encontro casual. Te conheci de novo. Já sentia sua falta. Seu toque. Sua voz. Sua casualidade. Sua intensidade. Não me surpreendi ao perceber que acabava de deparar-me com um novo amor.
Mas chega uma outra voz. Uma voz interna, terrível, verdadeira e contemplativa, me dizendo que talvez não fosse amor novo coisa alguma. Disse-me que talvez fosse apenas lembrança de amores passados. Irrelevante. Mesmo meus amores passados tinham qualquer coisa de inconveniente.
Não temo meter-me em bolas de neve. Meu medo é que o tempo, de novo, não chegue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário