Quando criança, ela gostava de imaginar que vivia dentro do globo. Na verdade, as manchas azuis dos globos terrestres da escola eram céu, e não mar. O tempo foi passando, e aos poucos parou de esconder-se dentro de uma bola limitada e pôs-se a aprender a se equilibrar com a gravidade. Tinha coisa além do céu. Descobriu que na verdade vivíamos soltos. E que alguns homens de longe já tinham escapado da gravidade. Então foi perdendo em si a capacidade de enxergar limites bem estabelecidos, já que, ao que parece, estamos sempre tentando ultrapassa-los. Conseguimos ver o planeta circular, e conseguimos ir à lua, e conseguimos uma maneira de comprar cerveja aos dezesseis.
O único limite do qual nunca poderia escapar era si mesma. E observando o peixinho dourado no seu quarto, percebeu que toda sua prepotência é a sua forma de bater a cara num vidro transparente e aparentemente infinito, e enxergar apenas seu próprio reflexo.
Falta descobrir por onde é que o oxigênio entra nesse aquário.
Um comentário:
Bonito o texto, me fez lembrar de vários momentos.
:)
Meu próximo desafio é comprar um peixinho dourado, hehehe.
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