terça-feira, 30 de setembro de 2008

Por um final mais triste e poético.





     -Você algum dia irá me perdoar?

     -Perdoar? O quê?

     -Por não ter conseguido ser tudo o que eu deveria ter sido com você.

     -Valéria, não comece...

     -Vá em frente, pode começar a me acusar de fazer dramatizações demais e te irritar com elas. Mas não ligo mais. Está tudo acabado, eu estou terminando com você! E eu agora posso me sentir livre pra dizer tudo que eu sempre quis! Bruno, você me decepcionou. Você me fez sentir especial, e depois me levou pra longe com um peteleco suave... Mas sabe, eu já estava tão leve, que não precisou mais que isso. A culpa é toda minha, todo mundo sempre me disse que eu era distante, que eu era insensível e muito dura com você... Quando eu te disse isso, faltou jurar de joelhos que isso não lhe parecia certo, que estavam errados, e que nós dois valíamos muito mais que opiniões bobas de pessoas tentando julgar minhas atitudes. Eu lembro de você me dizer que gostava até disso em mim, que gostava de mim em tudo, que me amava como nunca amou nenhuma outra mulher! E... depois de alguns meses...olha só como você faz, olha só como reclama! Como não pára de reclamar das mesmas coisas que um dia apenas faziam parte da pessoa a qual amava. Eu não posso agüentar isso... Você não me ama mais, admita. – respirou, Bruno a olhava já com lágrimas nos olhos – Essa falta de esperança de te manter junto a mim me liberta até... Nossa!

     -O quê? Que foi?

   Valéria passou da tristeza à neutralidade no olhar; olhava para um ponto fixo na parede, mas enxergava uma tempestade de ondas turvas se aproximando.

     -Bruno! Bruno! Me abraça! – exclamou como quem pede proteção.

   Bruno lhe deu um abraço terno. Valéria sentia suas mãos passeando por seu corpo, suavemente, e desejou não sair dali nunca mais. Ela se perguntava se ele também se sentia bem ali, queria que ele a beijasse e que os dois voltassem a fazer sentido juntos.

   De repente, o telefone tocou e ele foi atender. Andou triste, e atendeu ao telefone com uma voz cansada. Valéria pensou em segui-lo e abraçá-lo, depois conversariam calmos, e ele voltaria a amá-la. Mas ao invés disso, ela lhe beijou no rosto, sussurrou algumas palavras doces, abriu a porta com a cópia da chave que tinha, saiu da casa de Bruno, e não voltou... O arrependimento a matou mais tarde.