Ela não entendia... Bem no meio da brincadeira, vinham e mandavam que saísse dali, porque a música iria recomeçar.
-Mas, por quê?
-Porque... Porque... Todo mundo deve se mover, oras. É a regra.
-Mas é que se toda vez eu tiver que me levantar, e começar de novo, você não imagina como fica meu coração! Fica tão apertado que quase explode! Eu não gosto da ansiedade de começar um jogo novo, sendo que eu ganhei esse daqui... Ou pelo menos não perdi. Eu quero continuar aqui. Essa cadeira é boa. Não fiquei de fora, e era só isso que eu queria... Sabe, algum dia com certeza vou me cansar desse lugar! Canso-me rápido das coisas. Mas eu quero poder me cansar. Quero sentir vontade de começar de novo, e não sair à força. Até aquela agonia de largar algo que gosta por simples cansaço, eu quero pra mim. Faz parte dos meus desejos: ter controle da minha vida. É tão difícil assim entender que só quero controlar minha vida? Sai daqui, não quero saber quais são as suas regras. As minhas são essas. E a MINHA vida eu vivo do MEU jeito.
-Ótimo, então vou te tirar do jogo!
-Mas eu não quero parar... Por que você vai fazer isso?
-Olha a sua volta... Todo mundo quer brincar. Não vou sacrificar a brincadeira deles pra você ter uma exclusiva! Ou você joga dentro das regras, ou pára de jogar.
-Parar de jogar... Simples assim?
-Aham. É só se levantar e sair da roda... Por ali.
Ela olhou por entre ombros onde seu dedo apontava, e só via pessoas, muitas delas, protagonistas e figurantes daquela grande festa. Não havia nenhuma brecha naquele muro de gente... Foi aí que entendeu tudo. Levantou-se então, e jogou como todos os outros. Um dia, se criasse coragem, poderia largar a roda. Mas... Sem pressa. As regras nem pareciam mais tão ruins.
Um comentário:
Viver em sociedade, ou viver sob as próprias regras é uma questao q te aflinge, deduzo, Marina. Não sou psicólogo, mas eu acho q vc deve viver do jeito que eh melhor pra VC.
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