segunda-feira, 27 de julho de 2009

Todo o tempo do mundo

Ela pedia mais tempo. Ela queria mais tempo, e precisava disso. Um tempo a mais, um só, talvez a saciasse por completo. Ela já não via sentido nas determinações do relógio; 5 minutos nunca passavam na mesma velocidade. E houve frações de segundos que duraram por muitos meses dentro de seu corpo, escondidos. Sendo assim, não sabia porquê não podiam liberar mais algum tempo. Qualquer tempo, um só. Ela só queria um pouco de tempo a mais do que os demais. Um tempo pra se isolar, um tempo só dela. Um tempo que ninguém mais teria, único. Um tempo em que tudo parasse, só ela continuasse. Na sua cabeça, havia a ilusão de que, se conseguisse um tempo menos gasto, mais leve, sozinha lá, ela conseguiria ver tudo. O completo, aquele todo que fica dividido em milhões de cabeças pensantes, estariam lá só pra si, por um tempo. Um tempo que por mais mísera fração de segundo representasse, seria para ela todo o tempo do mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o texto,você escreve muito bem Marina,fiquei feliz ao ver um post novo no seu blog...

gostei

até mais!