segunda-feira, 9 de novembro de 2009

R-OH

O álcool. O etanol que engolimos por vontade própria. A droga que nutre a sociedade. A droga que nutre, sim. Destrói, também.
É esta mesma droga que te mantém vivo que me faz morrer aos poucos. E eu nem mesmo preciso que ela desça pela minha garganta. Basta escutar teu sofrimento. Quando saímos juntos, humano, o seu olhar de desprezo seguido por um gole de cerveja faz-me gelar. Fria, sólida, paralisada, fico te observando sem poder te ajudar. Logo, acendo um cigarro e viro um copo inteiro de cerveja. Sim, quero ver se sabes competir comigo. E sem competição, apenas com ignorância, desprezo e distância, seu olhar cruza o meu uma outra vez. E eu sinto nos lábios e no meu pescoço (e depois em meu fígado, meus rins e até nos ossos) a solidão que é ser você. Ser um de você. Ser parte tua e te ter como parte de mim.
Corro atrás do ópio. Tu passas longe. Por medo, talvez. Prefere a vida à morte. E nunca pensou na linha tênue entre uma coisa e outra. Ao menos no ópio eu encontraria o meu próprio veneno. Cansei de envenenar-me de você. Humano. Desprezível. Larga esta cara e segura a minha mão. Quem sabe alguma percepção lhe venha à cabeça e perceba. Sim, quem sabe você perceba que estamos juntos nessa solidão. Tua vida me deprime. E decerto, minha morte lhe traz pena. Nenhum de nós está então completo. Portanto combinemos: Vives por mim, que morro por ti.